Perdida

Estou acamada faz dois dias uma gripe me aprisionou e a tristeza em meu coração me prendeu a cama. Em meu leito  os pensamentos que me visitaram pois já estavam comigo eram de tristeza e de amargura. Recintida comigo com a vida. Não definir o que é pior se viver a vida na flauta e ser acordado por ela de forma abrupta ou viver a vida sabendo tudo o que ela pode dar e tirar. Tentar estar preparado. Ou ainda alienado de tudo vivendo apenas e sendo levando. Neste instante meu peito dói apertado meu coração não consegue acalmar-se e ao mesmo tempo o corpo responde como dores, um agripe forte me derrubou mas eu sei que nem foi ela. Ela foi só uma desculpa para que eu pudesse me alienar das coisas por um pouco. Fugir dos problemas, tolice acordei levantei mais cançada do que parei. Aos quarenta e nove anos de indade meu mundo não me faz bem. Ando cançada estressada como papel amassado sendo jogado pra todo lado. Vivi esta vida tentando ajudar, confortar, amparar, auxiliar desistindo de mim o tempo todo e de minhas próprias vontades e eu era feliz. Trazia um lindo sorriso no rosto e sempre uma palavra de conforto. Eu vivia num mundo de luz e nada me fazia ser diferente. Tinha sonhos e tempo para eles. Escrevia, cantava, lia, dançava pela casa. Enquanto estudava era atleta e corria, saltava. jogava eu era muito feliz. Apesar de ser pobte eu era feliz, meus pais tinham o dom de nos fazer felizes mesmo com as dificuldades que lhes assombravam e hoje eu sei o quanto foram dificeis pra eles. Para mim era tudo ludico um conto de fadas, enquanto meus pais viviam um conto de fardos. Mas eram felizes tirando as agruras da própria vida. Meu pai tocava e cantava e eu adorava ouvilo a cantar. Músicas diferentes das minhas mas que aprendi a amar, a mães asoberbada com os afazeres da casa parava um pouquinho para ouvi-lo cantar estes dias eram muito lindos e difíceis de acontecer pois ele trabalhava como lixeiro durante a noite, de dia era marroeiro quebrava pedras em uma pedreita e nos fins de semana era auxiliar de pedreiro em alguma construção.
Raramente o viámos pois saia muito cedo e voltava muito tarde eu sempre o esperava rezando para que ele chegasse logo e ficava muito feliz ao vê-lo chegar o olhar cançado, repousava em meus olhos e transmitia uma ternura que nem sei como esplicar. Abria os braços e eu me aconchegava era muito bom sentir sua força seu coração pulsando forte. Ele chegava tarde e ia então para a cozinha esquentar sua comida e jantar. Meia noite, uma hora não sei. Ele me manda dormir, vai dormir alemoa dizia e eu não ia vê-lo era tão raro que meus olhos o seguiam pela cozinha cheios de amor ao que ele me respondia igualmente com amor.
Sentava-se em uma cadeira com seu feijão com arroz um copo de água  a sua frente, cruzava às pernas, me levantava nos braços e colocava-e em seu colo e nós compartilhavamos da comida quentinha da água era muito bom estar ao seu lado. Depois ele colocava tudo na pia me pegava novamente no colo e me colocava para dormir e dia _ Agora é hora de dormir se tua mãe te paga de pé se vai ver! Eu sorria ele me beijava me cobrir e ia dormir.
Sinto muita saudades destes dias a existência de meu pai me fazia feliz seu jeito de ser humilde, trabalhador, solicito diate da vida feia que ele vivia. Ele de mão calejadas vincadas pelo trabalho, pele queimada de sol,mal vestido, desdentado, no curriculo escolar tinha apenas a terceira série do ensino básico, trabalhador de roça, abandonado pelo pai em uma casinha de pau a pique junto a sua mãe. A qual ele nunca abandonou casou-se teve filhos sorriu, sofreu e nunca, nunca deixou de perdoar ás outras pessoas e a si mesmo pelas agruras da vida. Trazia em si a exemcia do amor e generosamente transbordava em abundância este amor á todos que por ele passavam.
Um dia pensei até ter a mesma essencia mas a vida me ensinou que não. Deixei-me apossar pela mágoa e me anulei sem pensar e hoje me sindo sem muita auternativa pois ás vezes chego a pensar que nada mais tenho eu á dar e o meu redor todos esperam que eu continue sendo quem eu fui e eu não mais consigo. E a culpa é minha pois meu pai de alguma forma diante de todas ás coisas ruins que lhe aconteceram consiguia proteger seu coração eu perdi o rumo estou sem direção meu coração está amargo e o fel da vida se apossou de mim. Temo o tempo que avança pois sei que não há esperança de ser tudo como era. Hoje as marcas em mim arrancaram o meu jardim e já não danço pela casa, nem canto, nem sei quem eu sou estou no meio de tudo dos velhos e dos jovens, da morte e da vida, da realidade e dos sonhos. E sinceramente não sei mais quem eu sou. Se sou ou fui alguém que era tudo o que penasavam de mim, ou do que eu era mesmo, sinto-me hoje uma massa horrorosa de sentimentos danoso.